A prática da dança representa uma riqueza em expressões não verbais
*EDUCACIÓN POR EL ARTE * SANDRA , UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA DA DANÇA DE SALÃO
ResumoEste trabalho apresenta considerações a respeito da dança de salão, apontando, além de alguns aspectos históricos, as características expressivas e as especificidades da arte de dançar. Apresenta ainda os benefícios da dança e a sua contribuição à qualidade de vida.Palavras Chave: dança, dança de salão, cultura, emoção e qualidade de vida.AbstractThis paper presents considerations about ball dance. Besides pointing out some historical aspects, it aims the expressive characteristics and the specifities of the art of dance. It also presents the dance benefits and its contribution to the quality of life.Key Words: dance, ball dance, culture, emotion and quality of life. Nos últimos anos, tornou-se crescente o número de reportagens abordando diversas experiências no que diz respeito à dança. No âmbito educacional, enquanto cultura do movimento, a dança tem sido reivindicada como uma das práticas corporais de que se vale a Educação Física para exercer a sua ação pedagógica. Mas resgatemos um pouco de sua história.No século XIX, a dança começou a fazer parte dos encontros da nobreza em seus salões; a dança de salão, denominada genericamente como danças sociais, executada aos pares, em bailes, ou reuniões, deixa de ser considerada coisa de velho e fora de moda, para fazer parte da Educação da aristocracia da época, diferenciando-se da classe pobre que praticava as danças folclóricas.Pode-se dizer que não foi da noite para o dia que a dança de salão se tornou uma prática de excelência; tem sido necessário estudar, investigar e praticar para poder entender o prestígio desta atividade. A dança de salão evoluiu, e o homem que até então era visto como um simples cavalheiro que acompanhava a dama pelo salão, passa a ser mais participante, mais receptivo e começa a se expressar. Entrar no cobiçado mundo da dança de salão não é tarefa simples. Ela rompe as portas do século XXI, englobando os vários ritmos com uma diversidade rítmica e uma variação de andamentos que atende desde as necessidades dos mais jovens que precisam gastar as suas energias acumuladas, aos anseios de uma população que anseia por uma vida plena e feliz, como é o caso da Terceira Idade.Observamos que a mídia tem contribuído para o desenvolvimento dessa prática, ao confirmar que ela está muito viva e contribui para a qualidade de vida do seu praticante.A dança como forma de expressão e comunicação, estimula as capacidades humanas e pode ser incorporada à linguagem oral, por exemplo. Assim como as palavras são formadas por letras, os movimentos são formados por elementos, a expressão estimula e desenvolve as atividades psíquicas de acordo com os seus conteúdos e forma de ser vivida, tanto quanto a palavra, (Laban,1990).A dança a dois, é uma atividade saudável que traz benefícios para o corpo, como a melhoria da capacidade física e redução dos estados depressivos. Provavelmente, o que todos querem diante da pista de dança, é simplesmente a busca do prazer.A dança é uma forma de linguagem composta por outras linguagens artísticas (música, teatro, literatura e artes plásticas) que, dependendo do espetáculo apresentado, ou do tema encenado, apresenta uma linguagem específica. Seja o Jazz, o moderno, o contemporâneo, o sapateado, as danças de salão, as danças folclóricas, etc., todos os estilos possuem as suas peculiaridades que os tornam únicos. Saber expressar os vários ritmos e estilos é uma arte que requer muita prática.Para Duarte Jr (1995), a dança é compreendida como arte porque é capaz de criar formas expressivas dos sentimentos humanos, sendo uma forma de comunicação. A prática da dança apresenta uma riqueza em expressões não verbais e esta linguagem não deve ser desconsiderada. É necessário buscar subsídios nas formas mais puras da linguagem, a oral e a escrita, para entender e descrever a linguagem deste corpo que fala, sem dúvida.De uma maneira geral, a dança tem origem nos movimentos naturais e sua seqüência de criação colabora com a variedade de estilos que nos leva a um mesmo objetivo: descobrir e desenhar o corpo no espaço, levando-nos a experiências de caráter emocional que expressam o nosso íntimo.Garaudy (1980:24), descreve a dança como a “expressão através dos movimentos do corpo organizado em seqüências significativas de experiências que transcendem o poder das palavras e da mímica”. Para ele, à medida que o dançarino toma consciência das suas possibilidades através da dança, e se pré dispõe a praticá-la, ele transfere essa segurança para as suas atividades cognitivas de maneira que o seu desenvolvimento se torne harmonioso na comunicação e expressão, e nas características reais e integrais do corpo, ou das partes dele.Complementando o autor, Sant’Anna (2001:71), diz que o “corpo constitui nosso espaço cotidiano: é nele e por ele que sentimos, desejamos, agimos e criamos”. Percebemos, assim, que é difícil descrever sucintamente os sentimentos através do discurso da dança de salão, pois em qualquer atividade artística, os sentimentos se concretizam na forma que pode ser percebida. Dançar é uma arte. Os gestos, a expressão, é a manifestação do movimento humano.Para Achcar (1985:35), a dança é a “arte do movimento e da expressão onde a estética e a musicalidade prevalecem”.A dança de salão tem seus altos e baixos. Nas últimas décadas, após ter sofrido influência da lambada no final dos anos 80, modismo que teve vida curta, mas muita receptividade entre os amantes e apaixonados pela prática desta arte a dois, supera a faixa etária dos mais velhos e atinge um expressivo número de jovens e adolescentes. E aqui, a mídia contribui significativamente para esse desenvolvimento. O reaparecimento de ritmos "calientes" traduz a representação do corpo nos diferentes momentos históricos e contextos, interferindo na prática e no ensino da dança de salão dentro da nossa sociedade. Tudo pode não passar de "fogo de palha", mas o fato é, que a dança de salão está com uma popularidade crescente, ressurgindo no mercado de ensino e despontando de forma crescente sofisticado universo acadêmico.Conhecida como uma modalidade da dança que engloba em si vários ritmos, a dança de salão apresenta uma variação rítmica de músicas que atende às necessidades de uma atividade técnica de treinamento sendo exercida, inclusive, para fins competitivos. No campo esportivo, com a sua origem intimamente ligada à história européia, a dança de salão esportiva ainda não faz parte do nosso cotidiano, mas constitui-se em uma modalidade consagrada internacionalmente e que já vem sendo introduzida nos meios acadêmicos.Executar a dança de salão não é tarefa simples: primeiro, porque é necessário ter um parceiro; segundo, tem que trabalhar no ritmo e perceber a música; terceiro, precisa dominar os passos, manter a elegância, a postura, os gestos, ter força de vontade, enfim estar pré disposto a, literalmente, dançar. Samba, salsa, merengue, cha-cha-cha, soltinho, bolero, qualquer que seja o ritmo, é no baile que a dança de salão acontece, sempre em sentido anti-horário, para que todos possam evoluir no salão e desfrutar os prazeres da dança a dois.Hoje em dia, em matéria de dança de salão, ocorre uma mescla de diversos ritmos e estilos que surgem e desaparecem, ou incorporam definitivamente a história da dança de todos os tempos. A riqueza da dança de salão está nas possibilidades de privilegiar diversas formas de trabalho, nos quais estilos, técnicas e tendências são permanentemente influenciados pelas tradições, pelos símbolos e valores culturais de cada povo. Além dos benefícios da movimentação corporal, provocados pela dança, existe a possibilidade de resultar em cada prática, um espetáculo executado pelos pares com variados níveis de destreza e aptidão.A dança de salão também sofre com as determinações sociais, políticas, econômicas e culturais. Tomemos como exemplo o forró, sem nos prendermos nas controvérsias da origem do nome. No Nordeste, o forró nunca deixou de ser tocado e nem dançado, mas aqui, na região Sudeste, era identificado apenas pelos ritmos musicais do xote, baião e xaxado, tocados inicialmente por Luiz Gonzaga, Dominguinhos, depois pelas bandas Mastruz com Leite, Caciques do Nordeste, cavalo de pau e outras do gênero. Nas aulas de dança de salão, o forró era apresentado como uma prática simples, de poucos passos e de fácil aprendizagem. Mas é no final de 1995 e início de 1996, que o forró assume o modismo da época, invade a região sudeste e atinge em massa os estudantes universitários, que acabam adotando o forró e o denominam de “Forró Universitário”.Como uma onda nacional, este ritmo toma conta de toda a população estudantil e, com um novo e moderno ritmo que admite os instrumentos musicais eletrônicos na composição de suas músicas, mantém, do tradicional forró, apenas os instrumentos zabumba, triângulo e a sanfona. No que se refere aos estilos do forró, ocorre uma inserção de passos de outras danças provindos de ritmos como rock (soltinho), samba rock, salsa, bolero e outros, descaracterizando o forró e os demais estilos da dança de salão, que, no baile, passa a ser apreciado e executado pelo prazer de dançar, de se mostrar, enfim de se expressar.Observamos que alguns dançarinos tendem a incorporar a sensualidade, os passos, os volteios e os requebros de corpo enquanto dançam; Embora essa postura criativa faça parte da dança, percebemos que ela pressupõe uma consciência e uma assimilação dos ritmos apreendidos, bem como um domínio dos passos básicos, dos passos figurados de maneira a identificar os seus significados e as suas raízes.Hoje, na dança dos salões, encontramos dois momentos na sua prática; um, em que as pessoas dançam e executam somente os passos peculiares às danças de salão, sem grandes efeitos, ou seja, pelo simples prazer de se desenvolver no salão, e outro, em que os dançarinos exibem os chamados passos acrobáticos ou aéreos, tais como balão, panqueca, enceradeira, relógio, cabide e outros, exibidos com freqüência nos ritmos do samba de gafieira, samba pagode, salsa, rock, etc., que resultam em espetáculo realizado entre os pares, caracterizado como dança show.É incontestável a enorme influência da música sobre o ser humano; ela está dentro de cada um de nós, independente da raça, da religião, da língua, e do sexo. Este mundo mágico da música, com o seu eficiente meio de comunicação rítmica, adquire uma potência máxima no trabalho desenvolvido com o ritmo, com a dança e com os jogos.Através desta fluência rítmica percebe-se o quanto a dança envolve o nosso corpo numa exploração de todas as possibilidades articulares, sempre assessorada pelo uso do ritmo musical, de suas acentuações fortes e fracas, nos diferentes níveis de planos, eixos, formas e direções, para sentirmos os movimentos. Ser capaz de sentir e viver o movimento significa estar dançando em harmonia, com naturalidade, fluência dos movimentos e fidelidade ao caráter da música.Acredito que é essa magia de música, ritmo e movimento é que leva os casais a dançarem desembaraçados e descompromissados com o seu mundo, quando se abrem as portas dos salões. Algumas pessoas buscam a dança de salão apenas para se divertir; outras, para o lazer, outras para fugir dos problemas, por amor e dedicação e, por inúmeros outros motivos. Independentemente dos motivos que nos levam à prática da dança de salão, percebe-se que usamos os movimentos desde os mais simples aos mais complexos, dos combinados aos isolados, para explorar a nossa criatividade e a nossa capacidade de imaginação e cognição, para transformar estes movimentos em expressão. Considerando os benefícios implícitos na movimentação corporal, esta manifestação vai nos propiciar prazer, bem estar, paz, tranqüilidade, socialização e tantos outros fatores, que marcarão a nossa vida.Dentre os fatos marcantes deste início de século XXI, está a paixão pela prática da dança de salão e a busca pela qualidade de vida. Hoje mais do que nunca prima-se por uma qualidade de vida. Muitas ideologias, principalmente as ligadas ao consumo, estão sendo desmitificadas. Sabemos que não é apenas o ter que nos trará a tão sonhada qualidade de vida; é preciso muito mais.Antigamente, considerava-se qualidade de vida não estar doente, não depender de tratamentos relacionados às cirurgias, ou então, dependências financeiras, alimentares, etc. Atualmente, estas questões envolvem vários outros fatores, que têm seu significado de acordo com cada indivíduo nas diferentes formas de obter e preservar o seu estilo de vida. Comungo com Silva (1990), quando diz que as dimensões emocionais da qualidade de vida se dão sob múltiplos aspectos, a considerar a ação benéfica que uma boa qualidade de vida exerce sobre o efeito nocivo do estresse, o gerenciamento das tensões para o próprio viver, e a luta pelo equilíbrio interior. De qualquer modo, nota-se hoje, uma valorização crescente na qualidade de vida.Neste sentido, a prática da dança de salão pode ser vista sob a ótica do desenvolvimento da comunicação entre os participantes destes grupos, com propriedades para desenvolver as relações interpessoais, as aptidões e os novos interesses, relacionados ou não as tarefas diárias, proporcionadas pelas atividades culturais, físicas e do lazer que se fundamentam no interesse dos indivíduos, e, aumentam o nível geral do entendimento da realidade física e social.Referencias BibliográficasACHCAR, D. Ballet, arte, técnica interpretação. Rio de Janeiro: Cia Brasileira de Artes Gráficas, 1985.ALMEIDA, R. C.M. J. de. História da dança de salão como prática de Lazer no Rio de Janeiro: 1850-1914. Coletânea do IV encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e Educação Física. Belo Horizonte: UFMG/EEF.4:310-318, l996.BETTI, M. Valores e Finalidades na Educação Física Escolar: uma concepção sistêmica. Revista brasileira de Ciências do Esporte. V. 16 no. 1, p. 142, 1994.BOUCIER, P. História da dança no Ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.BREGOLATO, R. A Cultura Corporal da Dança. Editôra Ícone. Vol1, 2000. FERREIRA, A. P.H. Dicionário básico de Língua Portuguesa Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.CARDOSO, S. H. B. Discurso e ensino. Belo Horizonte:Autêntica, 1999.CLARO, E. Método dança: Educação Física: uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. S. Paulo: Robe Editorial, 1995.GARAUDY, R. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA. São Paulo: Cortez, 1992 (Coleção Magistério 2º grau. Série formação do professor).MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social Teoria método e criatividade. Editora Vozes, 1994.OSSONA, P. Educação pela Dança. Editora Summus, 1987.PORTINARI, M. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.RIED, B. Fundamentos de Dança de Salão. Valinhos, 2003.SILVA, M. D. Qualidade de Vida in Ghorayeb, N. & Barros, T. O exercício . São Paulo: Editora Atheneu, 1999, p. 261 a 265.VAYER, P.TOLOUSE. Linguagem Corporal: a estrutura e a sociologia da ação. Artes Mèdicas. Porto Alegre, 1982.VIANNA, K. A Dança. São Paulo: Siciliano, 1990.
Almeida, Ms. Cleuza Maria de. Dança de Salão. Docente da Faculdade de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e ESEF de Jundiaí. Internet, disponível em http://www.unipinhal.edu.br/movimentopercepcao/include/getdoc.php?id=153&article=41&mode=pdf.
*EDUCACIÓN POR EL ARTE * SANDRA , UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA DA DANÇA DE SALÃO
ResumoEste trabalho apresenta considerações a respeito da dança de salão, apontando, além de alguns aspectos históricos, as características expressivas e as especificidades da arte de dançar. Apresenta ainda os benefícios da dança e a sua contribuição à qualidade de vida.Palavras Chave: dança, dança de salão, cultura, emoção e qualidade de vida.AbstractThis paper presents considerations about ball dance. Besides pointing out some historical aspects, it aims the expressive characteristics and the specifities of the art of dance. It also presents the dance benefits and its contribution to the quality of life.Key Words: dance, ball dance, culture, emotion and quality of life. Nos últimos anos, tornou-se crescente o número de reportagens abordando diversas experiências no que diz respeito à dança. No âmbito educacional, enquanto cultura do movimento, a dança tem sido reivindicada como uma das práticas corporais de que se vale a Educação Física para exercer a sua ação pedagógica. Mas resgatemos um pouco de sua história.No século XIX, a dança começou a fazer parte dos encontros da nobreza em seus salões; a dança de salão, denominada genericamente como danças sociais, executada aos pares, em bailes, ou reuniões, deixa de ser considerada coisa de velho e fora de moda, para fazer parte da Educação da aristocracia da época, diferenciando-se da classe pobre que praticava as danças folclóricas.Pode-se dizer que não foi da noite para o dia que a dança de salão se tornou uma prática de excelência; tem sido necessário estudar, investigar e praticar para poder entender o prestígio desta atividade. A dança de salão evoluiu, e o homem que até então era visto como um simples cavalheiro que acompanhava a dama pelo salão, passa a ser mais participante, mais receptivo e começa a se expressar. Entrar no cobiçado mundo da dança de salão não é tarefa simples. Ela rompe as portas do século XXI, englobando os vários ritmos com uma diversidade rítmica e uma variação de andamentos que atende desde as necessidades dos mais jovens que precisam gastar as suas energias acumuladas, aos anseios de uma população que anseia por uma vida plena e feliz, como é o caso da Terceira Idade.Observamos que a mídia tem contribuído para o desenvolvimento dessa prática, ao confirmar que ela está muito viva e contribui para a qualidade de vida do seu praticante.A dança como forma de expressão e comunicação, estimula as capacidades humanas e pode ser incorporada à linguagem oral, por exemplo. Assim como as palavras são formadas por letras, os movimentos são formados por elementos, a expressão estimula e desenvolve as atividades psíquicas de acordo com os seus conteúdos e forma de ser vivida, tanto quanto a palavra, (Laban,1990).A dança a dois, é uma atividade saudável que traz benefícios para o corpo, como a melhoria da capacidade física e redução dos estados depressivos. Provavelmente, o que todos querem diante da pista de dança, é simplesmente a busca do prazer.A dança é uma forma de linguagem composta por outras linguagens artísticas (música, teatro, literatura e artes plásticas) que, dependendo do espetáculo apresentado, ou do tema encenado, apresenta uma linguagem específica. Seja o Jazz, o moderno, o contemporâneo, o sapateado, as danças de salão, as danças folclóricas, etc., todos os estilos possuem as suas peculiaridades que os tornam únicos. Saber expressar os vários ritmos e estilos é uma arte que requer muita prática.Para Duarte Jr (1995), a dança é compreendida como arte porque é capaz de criar formas expressivas dos sentimentos humanos, sendo uma forma de comunicação. A prática da dança apresenta uma riqueza em expressões não verbais e esta linguagem não deve ser desconsiderada. É necessário buscar subsídios nas formas mais puras da linguagem, a oral e a escrita, para entender e descrever a linguagem deste corpo que fala, sem dúvida.De uma maneira geral, a dança tem origem nos movimentos naturais e sua seqüência de criação colabora com a variedade de estilos que nos leva a um mesmo objetivo: descobrir e desenhar o corpo no espaço, levando-nos a experiências de caráter emocional que expressam o nosso íntimo.Garaudy (1980:24), descreve a dança como a “expressão através dos movimentos do corpo organizado em seqüências significativas de experiências que transcendem o poder das palavras e da mímica”. Para ele, à medida que o dançarino toma consciência das suas possibilidades através da dança, e se pré dispõe a praticá-la, ele transfere essa segurança para as suas atividades cognitivas de maneira que o seu desenvolvimento se torne harmonioso na comunicação e expressão, e nas características reais e integrais do corpo, ou das partes dele.Complementando o autor, Sant’Anna (2001:71), diz que o “corpo constitui nosso espaço cotidiano: é nele e por ele que sentimos, desejamos, agimos e criamos”. Percebemos, assim, que é difícil descrever sucintamente os sentimentos através do discurso da dança de salão, pois em qualquer atividade artística, os sentimentos se concretizam na forma que pode ser percebida. Dançar é uma arte. Os gestos, a expressão, é a manifestação do movimento humano.Para Achcar (1985:35), a dança é a “arte do movimento e da expressão onde a estética e a musicalidade prevalecem”.A dança de salão tem seus altos e baixos. Nas últimas décadas, após ter sofrido influência da lambada no final dos anos 80, modismo que teve vida curta, mas muita receptividade entre os amantes e apaixonados pela prática desta arte a dois, supera a faixa etária dos mais velhos e atinge um expressivo número de jovens e adolescentes. E aqui, a mídia contribui significativamente para esse desenvolvimento. O reaparecimento de ritmos "calientes" traduz a representação do corpo nos diferentes momentos históricos e contextos, interferindo na prática e no ensino da dança de salão dentro da nossa sociedade. Tudo pode não passar de "fogo de palha", mas o fato é, que a dança de salão está com uma popularidade crescente, ressurgindo no mercado de ensino e despontando de forma crescente sofisticado universo acadêmico.Conhecida como uma modalidade da dança que engloba em si vários ritmos, a dança de salão apresenta uma variação rítmica de músicas que atende às necessidades de uma atividade técnica de treinamento sendo exercida, inclusive, para fins competitivos. No campo esportivo, com a sua origem intimamente ligada à história européia, a dança de salão esportiva ainda não faz parte do nosso cotidiano, mas constitui-se em uma modalidade consagrada internacionalmente e que já vem sendo introduzida nos meios acadêmicos.Executar a dança de salão não é tarefa simples: primeiro, porque é necessário ter um parceiro; segundo, tem que trabalhar no ritmo e perceber a música; terceiro, precisa dominar os passos, manter a elegância, a postura, os gestos, ter força de vontade, enfim estar pré disposto a, literalmente, dançar. Samba, salsa, merengue, cha-cha-cha, soltinho, bolero, qualquer que seja o ritmo, é no baile que a dança de salão acontece, sempre em sentido anti-horário, para que todos possam evoluir no salão e desfrutar os prazeres da dança a dois.Hoje em dia, em matéria de dança de salão, ocorre uma mescla de diversos ritmos e estilos que surgem e desaparecem, ou incorporam definitivamente a história da dança de todos os tempos. A riqueza da dança de salão está nas possibilidades de privilegiar diversas formas de trabalho, nos quais estilos, técnicas e tendências são permanentemente influenciados pelas tradições, pelos símbolos e valores culturais de cada povo. Além dos benefícios da movimentação corporal, provocados pela dança, existe a possibilidade de resultar em cada prática, um espetáculo executado pelos pares com variados níveis de destreza e aptidão.A dança de salão também sofre com as determinações sociais, políticas, econômicas e culturais. Tomemos como exemplo o forró, sem nos prendermos nas controvérsias da origem do nome. No Nordeste, o forró nunca deixou de ser tocado e nem dançado, mas aqui, na região Sudeste, era identificado apenas pelos ritmos musicais do xote, baião e xaxado, tocados inicialmente por Luiz Gonzaga, Dominguinhos, depois pelas bandas Mastruz com Leite, Caciques do Nordeste, cavalo de pau e outras do gênero. Nas aulas de dança de salão, o forró era apresentado como uma prática simples, de poucos passos e de fácil aprendizagem. Mas é no final de 1995 e início de 1996, que o forró assume o modismo da época, invade a região sudeste e atinge em massa os estudantes universitários, que acabam adotando o forró e o denominam de “Forró Universitário”.Como uma onda nacional, este ritmo toma conta de toda a população estudantil e, com um novo e moderno ritmo que admite os instrumentos musicais eletrônicos na composição de suas músicas, mantém, do tradicional forró, apenas os instrumentos zabumba, triângulo e a sanfona. No que se refere aos estilos do forró, ocorre uma inserção de passos de outras danças provindos de ritmos como rock (soltinho), samba rock, salsa, bolero e outros, descaracterizando o forró e os demais estilos da dança de salão, que, no baile, passa a ser apreciado e executado pelo prazer de dançar, de se mostrar, enfim de se expressar.Observamos que alguns dançarinos tendem a incorporar a sensualidade, os passos, os volteios e os requebros de corpo enquanto dançam; Embora essa postura criativa faça parte da dança, percebemos que ela pressupõe uma consciência e uma assimilação dos ritmos apreendidos, bem como um domínio dos passos básicos, dos passos figurados de maneira a identificar os seus significados e as suas raízes.Hoje, na dança dos salões, encontramos dois momentos na sua prática; um, em que as pessoas dançam e executam somente os passos peculiares às danças de salão, sem grandes efeitos, ou seja, pelo simples prazer de se desenvolver no salão, e outro, em que os dançarinos exibem os chamados passos acrobáticos ou aéreos, tais como balão, panqueca, enceradeira, relógio, cabide e outros, exibidos com freqüência nos ritmos do samba de gafieira, samba pagode, salsa, rock, etc., que resultam em espetáculo realizado entre os pares, caracterizado como dança show.É incontestável a enorme influência da música sobre o ser humano; ela está dentro de cada um de nós, independente da raça, da religião, da língua, e do sexo. Este mundo mágico da música, com o seu eficiente meio de comunicação rítmica, adquire uma potência máxima no trabalho desenvolvido com o ritmo, com a dança e com os jogos.Através desta fluência rítmica percebe-se o quanto a dança envolve o nosso corpo numa exploração de todas as possibilidades articulares, sempre assessorada pelo uso do ritmo musical, de suas acentuações fortes e fracas, nos diferentes níveis de planos, eixos, formas e direções, para sentirmos os movimentos. Ser capaz de sentir e viver o movimento significa estar dançando em harmonia, com naturalidade, fluência dos movimentos e fidelidade ao caráter da música.Acredito que é essa magia de música, ritmo e movimento é que leva os casais a dançarem desembaraçados e descompromissados com o seu mundo, quando se abrem as portas dos salões. Algumas pessoas buscam a dança de salão apenas para se divertir; outras, para o lazer, outras para fugir dos problemas, por amor e dedicação e, por inúmeros outros motivos. Independentemente dos motivos que nos levam à prática da dança de salão, percebe-se que usamos os movimentos desde os mais simples aos mais complexos, dos combinados aos isolados, para explorar a nossa criatividade e a nossa capacidade de imaginação e cognição, para transformar estes movimentos em expressão. Considerando os benefícios implícitos na movimentação corporal, esta manifestação vai nos propiciar prazer, bem estar, paz, tranqüilidade, socialização e tantos outros fatores, que marcarão a nossa vida.Dentre os fatos marcantes deste início de século XXI, está a paixão pela prática da dança de salão e a busca pela qualidade de vida. Hoje mais do que nunca prima-se por uma qualidade de vida. Muitas ideologias, principalmente as ligadas ao consumo, estão sendo desmitificadas. Sabemos que não é apenas o ter que nos trará a tão sonhada qualidade de vida; é preciso muito mais.Antigamente, considerava-se qualidade de vida não estar doente, não depender de tratamentos relacionados às cirurgias, ou então, dependências financeiras, alimentares, etc. Atualmente, estas questões envolvem vários outros fatores, que têm seu significado de acordo com cada indivíduo nas diferentes formas de obter e preservar o seu estilo de vida. Comungo com Silva (1990), quando diz que as dimensões emocionais da qualidade de vida se dão sob múltiplos aspectos, a considerar a ação benéfica que uma boa qualidade de vida exerce sobre o efeito nocivo do estresse, o gerenciamento das tensões para o próprio viver, e a luta pelo equilíbrio interior. De qualquer modo, nota-se hoje, uma valorização crescente na qualidade de vida.Neste sentido, a prática da dança de salão pode ser vista sob a ótica do desenvolvimento da comunicação entre os participantes destes grupos, com propriedades para desenvolver as relações interpessoais, as aptidões e os novos interesses, relacionados ou não as tarefas diárias, proporcionadas pelas atividades culturais, físicas e do lazer que se fundamentam no interesse dos indivíduos, e, aumentam o nível geral do entendimento da realidade física e social.Referencias BibliográficasACHCAR, D. Ballet, arte, técnica interpretação. Rio de Janeiro: Cia Brasileira de Artes Gráficas, 1985.ALMEIDA, R. C.M. J. de. História da dança de salão como prática de Lazer no Rio de Janeiro: 1850-1914. Coletânea do IV encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e Educação Física. Belo Horizonte: UFMG/EEF.4:310-318, l996.BETTI, M. Valores e Finalidades na Educação Física Escolar: uma concepção sistêmica. Revista brasileira de Ciências do Esporte. V. 16 no. 1, p. 142, 1994.BOUCIER, P. História da dança no Ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.BREGOLATO, R. A Cultura Corporal da Dança. Editôra Ícone. Vol1, 2000. FERREIRA, A. P.H. Dicionário básico de Língua Portuguesa Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.CARDOSO, S. H. B. Discurso e ensino. Belo Horizonte:Autêntica, 1999.CLARO, E. Método dança: Educação Física: uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. S. Paulo: Robe Editorial, 1995.GARAUDY, R. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA. São Paulo: Cortez, 1992 (Coleção Magistério 2º grau. Série formação do professor).MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social Teoria método e criatividade. Editora Vozes, 1994.OSSONA, P. Educação pela Dança. Editora Summus, 1987.PORTINARI, M. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.RIED, B. Fundamentos de Dança de Salão. Valinhos, 2003.SILVA, M. D. Qualidade de Vida in Ghorayeb, N. & Barros, T. O exercício . São Paulo: Editora Atheneu, 1999, p. 261 a 265.VAYER, P.TOLOUSE. Linguagem Corporal: a estrutura e a sociologia da ação. Artes Mèdicas. Porto Alegre, 1982.VIANNA, K. A Dança. São Paulo: Siciliano, 1990.
Almeida, Ms. Cleuza Maria de. Dança de Salão. Docente da Faculdade de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e ESEF de Jundiaí. Internet, disponível em http://www.unipinhal.edu.br/movimentopercepcao/include/getdoc.php?id=153&article=41&mode=pdf.
WAIHRICH TATIT , "UMA NOVA DIMENSÃO DA ARTE NA EDUCAÇÃO". Editora Pallotti , Santa Maria , Rio Grande do Sul , BRASIL
Veja também : http://www.momentosdetango.com.br/
Site Elza Moreira . Rio de Janeiro . Brasil